Planeta Terra: Como estaremos em 2050?
Por Flávia Pini *
Em 2050, muitos de nós viveremos em um planeta Terra que será entre um e dois graus mais quente do que a média registrada atualmente. Pode parecer pouco, mas provoca uma reação em cadeia perigosa para a vida humana. Os dias frios serão de 20% a 70% menos frequentes nas latitudes mais altas (próximas aos polos), enquanto que períodos de calor insuportável serão mais constantes entre 30% e 250% em latitudes médias (nos trópicos). O Oceano Ártico estará livre de gelo no verão, o que culminará no desaparecimento de ilhas. Na Espanha, por exemplo, as províncias calculam que o aumento no nível do mar custará até 3% do PIB, por conta de sistemas de combate à essa transformação. A precipitação também crescerá entre 5% e 15%, mas a distribuição será desigual: as áreas úmidas receberão mais chuvas e sofrerão inundações, e as regiões mais quentes sofrerão com secas intermináveis e a falta de água.
Esta é apenas a previsão mais pessimista do que pode acontecer com a Terra daqui a 35 anos caso a emissão de poluentes na atmosfera não diminua drasticamente. Infelizmente, o cenário caminha para se tornar realidade. Atualmente, dados da OMS (Organização Mundial de Saúde) mostram que sete milhões de pessoas morreram em 2012 por doenças causadas pela poluição do ar. O custo dos gases do efeito estufa custou a fortuna de US$ 1,6 trilhão apenas para os países europeus. Além disso, em 2030, o planeta pode enfrentar um déficit de 40% no abastecimento de água.
Os vilões responsáveis por esses números são amplamente conhecidos por grande parte da população mundial: a emissão de dióxido de carbono e o aumento dos resíduos sólidos. Faz trinta anos que conferências, seminários, estudos e pesquisas apontam essas questões, mas a verdade é que, na prática, pouca coisa mudou. O Protocolo de Kyoto, que entrou em vigor há dez anos, sofreu com deserções, falta de consenso sobre as metas e deve ser substituído por um novo acordo neste ano. O Rio de Janeiro sediou a Eco-92 e a Rio+20, mas os problemas continuam. O termo sustentabilidade entrou na moda, mas segue obscuro para a maioria da população – aqui no Brasil, duas em cada três pessoas desconhecem o conceito de consumo sustentável, segundo pesquisa do Ministério do Meio Ambiente.
Críticos do aquecimento global lembram que o próprio clima terrestre atua naturalmente como um pêndulo, ora ficando mais quente, ora mais frio. É verdade. Porém, não há registro de uma mudança tão rápida e drástica como a atual, tudo porque dessa vez tais transformações contam efetivamente com a a ação humana. A queima de combustíveis fósseis, uma das principais fontes de energia que move as indústrias e os sistemas de transporte em todo o mundo, e o desmatamento de biomas importantes, como a Floresta Amazônica, estão no topo das causas do efeito estufa acelerado que vivemos.
Dia após dia a Terra dá sinais claros de que a atual exploração dos recursos naturais precisa ser alterada. Caso contrário, as futuras gerações enfrentarão graves problemas para sobreviverem. É diante deste dilema que representantes de todos os países participam da Assembleia Geral da ONU sobre Mudanças Climáticas em Nova York (Estados Unidos), no dia 29 de junho. Torcemos para que desta vez os participantes entrem em consenso e definam metas que sejam condizentes com as reais necessidades do planeta.
Este foi o primeiro artigo de uma webserie que pretende mostrar a situação atual da sustentabilidade no planeta. Na segunda parte, contaremos um pouco mais das conquistas já obtidas e ações práticas já realizadas por empresas e organizações.
Veja alguns dados preocupantes sobre o clima:
- A concentração global de gás carbônico chegou a marca mensal de 400 ppm (partes por milhão) em abril, de acordo com a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos EUA (NOAA, em inglês)
- O tamanho do buraco da Camada do Ozônio se estabilizou nos últimos anos, mas ainda possui 24,1 milhões de quilômetros quadrados, segundo a NASA
- Levantamento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) mostra que 1% de perda da camada do ozônio causa 50 mil novos casos de câncer de pele e 100 mil novos casos de cegueira por conta da catarata em todo o mundo
- Entre 2000 e 2010, a Floresta Amazônica perdeu uma área desmatada equivalente à ilha da Grã-Bretanha (240 mil quilômetros quadrados), aponta o relatório coordenado pela Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georreferenciada
- A energia elétrica consumida pela computação em nuvem é superior a 684 bilhões de kWh (quilowatt-hora), segundo o Greenpeace. Se fosse um país, ocuparia a sexta posição, à frente de Brasil, Alemanha, Canadá e França
- Estudo da Associação Internacional de Resíduos Sólidos (ISWA, em inglês) mostra que o mundo produz 1,4 bilhões de toneladas de lixo por ano atualmente.
* Flávia Pini é Diretora de Marketing da GreenClick, empresa que contribui com a neutralização da emissão de CO2 no país.
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