02 out 2015

O nosso planeta já não é suficiente

ampulheta

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Por Flávia Pini *

Se a Terra fosse um enorme restaurante, já teríamos consumido todos os pratos disponíveis no cardápio e começaríamos a repetir tudo de novo. Esta é a conclusão da ONG norte-americana Global Footprint Network, que mede o consumo anual dos recursos naturais em todo o mundo: em 13 de agosto de 2015 sociedade já havia consumido todos os recursos que o planeta é capaz de renovar em um ano. Este índice mostra a importância de revermos o nosso consumo e adotarmos medidas mais sustentáveis para garantir um cenário mais otimista para as futuras gerações.

O levantamento da organização conta a pegada do carbono (ou seja, o quanto deste elemento químico foi utilizado) e o consumo da pesca, pecuária, agricultura, construção e água. Dessa forma, seria necessário 1,6 planeta Terra para atender as necessidades da população em 2015. O dia da “sobrecarga ecológica” (como é conhecido este limite) está acontecendo cada vez mais cedo. Em 1970, por exemplo, ocorreu em 23 de dezembro, bem próximo do Ano-Novo.

Este fato resulta em dois problemas graves. O primeiro envolve a dívida ecológica, pois não é possível renovar estes recursos na mesma velocidade com que utilizamos. Uma árvore, por exemplo, chega a levar séculos para crescer e se desenvolver. Portanto, se a população continuar com esse ritmo crescente de exploração, a sobrecarga ecológica vai se antecipando cada vez mais e a estimativa é que até 2030 aconteça ainda no primeiro semestre.

Depois, envolve a luta que ainda existe para implementar uma consciência ambiental em todos os países. Por mais que o conceito de sustentabilidade seja debatido com mais frequência atualmente, os governos nacionais, as corporações e a sociedade civil ainda divergem sobre pontos importantes no momento de adotar medidas globais contra a emissão de poluentes. O Protocolo de Kyoto, visto na década de 90 como salvação, naufragou nos anos 2000 por não conseguir congregar os diferentes anseios de cada país.

Independentemente disso, passou da hora de medidas mais eficazes serem tomadas para reduzir o consumo predatório do planeta Terra. O uso racional da água precisa ser estimulado em todas as casas, as indústrias têm que adotar fontes de energia mais limpas e a conscientização ambiental precisa começar desde a infância. Afinal, como lembra Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU, “não há mais plano B porque não existe um planeta B”.
* Flávia Pini é Diretora de Marketing da GreenClick, empresa que contribui com a neutralização da emissão de CO2 no país