Despoluição dos rios é simples, mas exige paciência e investimento
Para despoluir um rio, a teoria é simples: basta coletar, afastar e tratar os esgotos antes de lançá-los ao curso d’água. A prática, porém, é mais complexa. Um relatório da Comissão Mundial de Águas, entidade ligada à ONU, aponta que entre os 500 maiores rios do mundo, mais da metade enfrenta sérios problemas de poluição. O processo de despoluição de um rio exige paciência e investimento contínuo por parte da sociedade e do poder público. Uma medida pontual resolve em um primeiro momento, mas não garante a sobrevivência a longo prazo.
Dessa forma, é preciso ter planejamento para recuperar um rio considerado biologicamente morto. Não faltam exemplos de sucesso em todo o mundo. O rio Tâmisa, em Londres, já foi considerado o “Grande Fedor” em 1858 e passou por dois períodos de recuperação ao longo dos séculos 19 e 20 – até se tornar um dos rios mais limpos da Europa. Já o rio Reno, que cruza sete países europeus, passou por uma despoluição a partir de 1987 e, atualmente, conta com 63 espécies de peixes.
No Brasil, o rio mais lembrado quando o assunto é despoluição é o Tietê, em São Paulo, mas de uma maneira inglória. Mesmo com um processo iniciado nos anos 1990, o local ainda é bastante poluído por conta do esgoto doméstico, em que só vivem bactérias e fungos que não precisam de oxigênio e que sobrevivem em suas águas. O primeiro passo para despoluir um rio parte da própria sociedade, com a coleta e o tratamento adequado do esgoto. Além disso, algumas medidas também podem ser tomadas para a recuperação. Confira:
Grades de proteção: a inserção de grades nos encanamentos da rede de esgoto funciona como um filtro, barrando o lixo sólido despejado nas ruas.
Flotação com oxigênio: o nome refere-se ao processo de separação de misturas. No caso dos rios, uma estação injeta microbolhas de oxigênio, o que faz a sujeira boiar – facilitando sua retirada. É uma das melhores opções para remoção.
Rebaixamento do leito: o aprofundamento da calha dos rios em áreas urbanas é uma medida prática no combate às enchentes, mas o fluxo maior de água também ajuda na despoluição, facilitando a retirada de objetos maiores.
Fiscalização: além da investigação de pessoas e empresas que ainda fazem o descarte do lixo de forma incorreta, é preciso manter a fiscalização de ligações de esgoto clandestinas nas galerias de águas pluviais.
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