Você sabia que o lixo pode virar energia?

Por Flávia Pini *
O lixo que descartamos diariamente poderia ser a solução para a geração de energia no país, ampliando a matriz energética e barateando os custos. Essa é a ideia por trás do conceito de reciclagem energética, que transforma resíduos sólidos em combustível para o consumo doméstico e industrial. A ideia é a melhor alternativa para resolver a questão dos aterros sanitários e, ainda por cima, atender a alta demanda por energia em todo o mundo.
O surgimento de novas tecnologias fez com que o consumo energético aumentasse consideravelmente nos últimos anos – tanto em residências, que utilizam mais gadgets, por exemplo, eletroeletrônicos que demandam mais energia, quanto nas empresas, que produzem estes dispositivos. A expectativa da Agência Internacional de Energia prevê um crescimento de 37% até 2040 – o que torna urgente a procura por novas fontes.
A reciclagem energética é uma das modalidades de reaproveitamento do lixo mais benéfica para a natureza. Nada mais é do que a queima dos resíduos sólidos que não foram aproveitados após uma triagem manual, como restos de alimentos, materiais higiênicos e, principalmente, plásticos. Inclusive, por conta de seu alto poder calorífico é este o material mais importante: um quilo, por exemplo, tem a mesma eficiência de um litro de diesel. Além disso, o processo é totalmente limpo – o que explica o apoio da ONU a essa iniciativa.
Os gases provenientes da queima são aspirados e utilizados no próprio funcionamento da usina que realiza este trabalho. O material que sobra – cerca de 10% do total, serve de matéria-prima para telhas e tijolos. Atualmente, 35 países adotam este recurso – apenas na União Europeia, estimativas apontam que existem mais de 400 usinas que geram 10 mil megawatts – quatro vezes mais do que o economizado no Brasil com o horário de verão, por exemplo.
No Brasil, este tema ainda é pouco discutido. Primeiro porque a própria ideia de reciclagem ainda engatinha – apenas 3% do lixo é reciclado e 13% da população é atendida por coleta seletiva, de acordo com relatório da CEMPRE (Compromisso Empresarial para Reciclagem). Depois por conta do alto custo: o aterro sanitário sempre foi uma opção mais barata do que usinas de reciclagem, enquanto a maioria dos materiais recicláveis, como garrafa PET, vidro e alumínio, possui um valor maior de mercado para a separação manual (deixando poucos resíduos para a geração de energia).
Porém, a tendência é o país dar seus primeiros passos para a reciclagem energética. A Política Nacional de Resíduos Sólidos foi aprovada em 2010 e, entre idas e vindas, deve ser implementada até 2018 em todo o território nacional. Dessa forma, o lixo produzido deverá ter outro destino e torna-se uma boa oportunidade para retornar aos lares na forma de energia.
* Flávia Pini é Diretora de Marketing da GreenClick, empresa que contribui com a neutralização da emissão de CO2 no país
Comentários