Não há mais espaço para ceticismo
Imagine uma equipe de futebol que, no meio de uma partida decisiva, nota que parte de seus jogadores simplesmente parou de jogar. Nesse contexto, é certo que o adversário marcaria vários gols. Estabelecendo uma comparação, essa é a situação enfrentada pela Terra no combate ao aquecimento global. Enquanto o poder público e a sociedade civil buscam adotar medidas para limitar a emissão de dióxido de carbono, alguns empresários da iniciativa privada ignoram o tema e não tomam nenhuma atitude para reverter essa situação.
Essa é a conclusão do relatório do Projeto de Revelação dos Detentores de Ativos (AODP, na sigla inglesa). Praticamente a metade (49,2%) dos principais investidores globais não está tomando medidas para limitar o aquecimento global – e eles são responsáveis por gerenciar nada menos do que US$ 14 trilhões.
Os números explicam, em partes, a desconfiança de grande parte da sociedade civil, incluindo grupos ambientais e ativistas, em relação à eficácia do Acordo de Paris, negociado em 2015 e que deve entrar em vigor até 2020. Se os principais investidores do planeta não se mexem para reduzir essa questão, torna-se difícil a missão de conseguir um acordo conjunto que realmente faça a diferença para o planeta.
Os sinais estão evidentes e podem ser mensurados. Em 2015, por exemplo, a quantidade de gás carbônico ultrapassou a marca de 400 ppm (partes por milhão) na atmosfera. Estimativas mostram que a Terra já está em uma curva ascendente para bater o 3ºC de aquecimento, muito acima do teto estipulado pelo Acordo de Paris – nesse cenário, correm o risco de desaparecer muitas espécies de flora e fauna e até algumas ilhas. Por fim, o surgimento de novas tecnologias faz com que o consumo energético aumente 37% até 2040 – sem ter novas fontes para gerar essa energia.
Com o aquecimento global avançando cada vez mais e os recursos naturais do planeta se esgotando em todos os continentes, é urgente a mobilização conjunta de todos os atores da sociedade para estimular e criar novas ações voltadas para o consumo sustentável. Quando um deles simplesmente abdica de participar, abre-se caminho para que a emissão dos gases do efeito estufa siga sua curva ascendente e continue ganhando de goleada.
* Flávia Pini é Diretora de Marketing da GreenClick, empresa que contribui com a neutralização da emissão de CO2 no país
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