Do papel para a prática: é hora de ratificar o Acordo de Paris
Em dezembro de 2015, 195 países estiveram em Paris, na França, para elaborar um importante acordo global sobre clima e meio ambiente, o primeiro após o Protocolo de Kyoto de 1997. Depois de intensas negociações e debates, surgiu o Acordo de Paris, que visa limitar o aquecimento global abaixo de 2ºC e reduzir a emissão de gases do efeito estufa. Porém, passados seis meses de espera, é preciso que estas práticas saiam do papel para salvarmos o Planeta Terra.
Um importante primeiro passo para a implementação do acordo foi dado na ONU, no fim de abril. Mesmo com o prazo de um ano para ratificar o documento, em um único dia líderes de 175 países já assinaram o texto. É um recorde para a diplomacia internacional: nunca na história mundial uma grande quantidade de nações referendou um tratado em tão pouco tempo. A rapidez mostra que presidentes e ministros realmente estão dispostos a iniciar o quanto antes a aplicação dos termos em seus territórios.
Agora, porém, começa a tarefa mais árdua para os signatários: aprovar o documento internamente e adaptar à sua própria legislação. Nos Estados democráticos, compostos por diferentes grupos e poderes, o trabalho não é simples justamente por envolver uma colaboração entre o Chefe de Governo e o Parlamento – que, no tabuleiro político, pode contar com líderes contrários ao Acordo de Paris. Pelo menos 55 países, que correspondem a 55% das emissões de gases do efeito estufa, precisam ter essa questão resolvida até 2020 para o tratado ser de fato implementado.
A pressa se faz necessária porque “estamos em uma corrida contra o tempo”, como lembrou o sul-coreano Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU. O planeta não pode esperar para ser socorrido: em 2015, a quantidade de dióxido de carbono na atmosfera ultrapassou a casa dos 400 ppm (partes por milhão) pela primeira vez na história, segundo a NOAA (Administração Oceânica e Atmosférica Nacional, na sigla inglesa). Estimativas mostram que a Terra já está em uma curva ascendente para bater os 3ºC de aquecimento, muito acima do teto estipulado pelo Acordo de Paris. Nesse cenário, correm o risco de desaparecer muitas espécies de flora e fauna e até algumas ilhas.
A unidade mundial demorou a se mexer e agora começa a pagar um preço muito alto pela negligência sobre o aquecimento global e a sustentabilidade. É preciso deixar questões políticas de lado e pensar no futuro das próximas gerações. Passou da hora de sairmos da teoria e irmos, com urgência, para a prática.
* Flávia Pini é Diretora de Marketing da GreenClick, empresa que contribui com a neutralização da emissão de CO2 no país
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