10 ago 2015

“A responsabilidade é de todos nós”

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Quando a Fundação SOS Mata Atlântica surgiu, em 1986, não existiam computadores, Internet ou celulares. O Brasil discutia a Assembleia Constituinte após a ditadura militar, enquanto que o mundo vivia sob tensão com a disputa entre Estados Unidos e União Soviética. Muita coisa mudou nestas três décadas, exceto um ponto: a luta da organização para preservar o que sobrou da floresta no país. “Avançamos muito. É uma distância interestelar entre aquela época e hoje”, brinca Mário Mantovani, diretor de políticas públicas da instituição. Nesta entrevista, ele conta mais sobre a trajetória e os próximos passos da Fundação.

Qual é a avaliação da Fundação SOS Mata Atlântica nestes 28 anos de atuação?

Para quem olhava a floresta e imaginava protege-la, conseguimos um avanço muito maior do que poderíamos supor na época. O Brasil não tem tradição de associativismo, mas ganhamos uma dimensão que permitiu que não nos perdêssemos no tempo. Isso só foi possível porque não éramos apenas um grupo de ambientalistas, nosso time envolvia cientistas, jornalistas, empresários, entre outros profissionais. Conseguimos trazer essa pluralidade de opiniões para nossas causas.

Qual a principal diferença daquela época para agora?

Hoje, a sociedade tem muita informação para ampliar as ações. Antes, as organizações tinham um único objetivo e seguiam com ele. A SOS, por exemplo, surgiu para colocar a Mata Atlântica no debate político – nem existia base jurídica que definisse o que era Mata Atlântica. Agora o cenário está mais pulverizado. O mesmo tema pode ter iniciativas diferentes, com pequenos grupos que defendem a água, a flora, a fauna, entre outros pontos. É uma multiplicidade de ações. O segredo é somar essas forças.

Como a organização vê a conscientização do brasileiro sobre sustentabilidade?

Nos anos 80 a discussão envolvia assuntos mais amplos, algo muito longe da realidade das pessoas. Agora, não é mais assim. Não há como transferir sua responsabilidade ambiental para organizações e governos. Os resíduos sólidos exemplificam essa questão: a pessoa não precisa de uma lei para fazer o descarte correto e promover a reciclagem. Ela pode fazer sua parte para salvar o planeta. Sempre buscamos mobilizar os cidadãos em nossas campanhas, lembrando que a responsabilidade é de todos nós.

Quais as principais ações que a SOS Mata Atlântica deve realizar nos próximos meses?

Atualmente, estamos atuando fortemente no monitoramento da preservação ambiental. Lançamos a campanha GPS Mata Atlântica, uma webserie que mostra como está a preservação da floresta e convida as pessoas a compartilharem suas causas. Além disso, estamos ampliando nossa atuação, desenvolvendo trabalhos sobre a condição e qualidade da água, debatendo o Código Florestal e planos municipais com cidades que estão na área de cobertura do bioma. Também promovemos debates e mostramos a importância de uma restauração ambiental.